Vou falar hoje sobre os aspectos logísticos na função dos portos, e em breve acompanhem o Instagram do Logísticos Oficial e do Bia É Logísticos que vou mostrar alguns dos principais portos do mundo, AO VIVO para vocês por lá :-)
A função dos portos tem evoluído ao longo dos tempos, sem deixar nunca de se traduzir numa prestação de serviços aos navios e às mercadorias, na pessoa dos armadores, ou seus representantes, e carregadores/recebedores, respectivamente.
Vezes houve em que o importante era “libertar” rapidamente o navio, mantendo espaço suficiente em terra para “largar” a carga num período curto, sem grandes perdas de tempo.
Depois, começou a cuidar-se mais das mercadorias, prevendo e promovendo adequadas sequências de embarque/desembarque das mesmas, e iniciou-se uma relação mais estreita e atenta com os seus proprietários ou detentores.
Presentemente, interessa gerir articuladamente os movimentos de navios que demandam o porto, seguir os fluxos de mercadorias que se estabelecem entre a zona portuária e os navios, do lado do “foreland”, entre essa zona e os veículos, do lado do “hinterland”, e entre os vários recintos ao longo da zona portuária, e finalmente monitorar as circulações de veículos que se instituem entre as portarias e o “hinterland” imediato e mediato.
Toda esta gestão física de espaços e fluxos ou circulações exige uma constante atenção aos movimentos, uma perspectiva ampla de planejamento e controlo das intervenções, e sobretudo uma atitude pró-activa de coordenação e articulação entre os agentes, inúmeros e de diversa natureza, que actuam no sistema logístico portuário,
É isto a logística, na sua expressão mais abrangente, como sistema de entregas ou distribuição física, preocupada com a gestão dos tempos e dos custos e com a procura de “trade-offs” custo-serviço e custo-custo. São estes conceitos e metodologia que importa aplicar aos portos e à organização portuária.
O sucesso da função logística dos portos mede-se pelo nível, intensidade e qualidade dos serviços prestados.
Quanto mais navios e mercadorias demandarem um porto, maior importância ele assume. Para além da atractividade que o porto de um modo geral exerce, existem serviços que promovem a comercialização dos recintos portuários.
Esses serviços pertencem, por norma e de início, à administração Portuária, mas acabam por ser entregues a particulares em regime de concessão. O acompanhamento da atividade dessas concessões é outra tarefa logística que vem a caber àquela administração.
O suporte logístico num porto tem a ver com o modo como os navios nele são operados e assistidos, e com a maneira como as mercadorias são manuseadas nos vários locais dessa infra-estrutura.
Daí a necessidade de que a Administração Portuária conheça o desenho do sistema logístico portuário em operação, com identificação de fluxos, circulações e espaços, e avaliação de tempos e custos de referência, espécie de “tabuleiro” de xadrez logístico, sobre o qual será necessário actuar no sentido de melhorar as “performances”.
No sistema logístico portuário, participa uma multiplicidade de entidades e agentes, de que a Administração portuária é uma das mais relevantes. Nas concessões de terminais, o seu papel limita-se a garantir que o apoio aos concessionários seja feito nas melhores condições e com espírito de colaboração absoluta, independentemente da obrigação que esses mesmos concessionários assumem de realizar, com as maiores “performances”, a sua actividade de exploração comercial.
No movimento dos navios que demandam os cais do porto, nos fluxos de mercadorias entre os navios e a zona portuária, nos fluxos entre esta e os veículos rodoviários à carga e descarga, ainda nos fluxos entre os diversos recintos da zona portuária, e finalmente nos fluxos entre as portarias dos terminais e o “hinterland”, em todas estas circulações e movimentos intervém, ou deve intervir, a Administração portuária, como tal, através dos concessionários, ou de terceiros, quanto a nós, sempre com pleno conhecimento e total identificação desses mesmos fluxos. E isto porque num tal volume e complexidade de fluxos se combinam cadeias logísticas que fazem do porto elo de ligação e ponto de passagem, e que se torna necessário acompanhar e sobretudo dinamizar.
O acesso dos navios aos cais e a sua relação com as entidades portuárias têm uma logística subjacente, que impõe simplificação, eficiência e eficácia, e que não dispensa a participação da Administração portuária.
A circulação das mercadorias, quer entre os navios e a zona portuária, quer entre os diversos recintos desta, ou quer entre esta e os veículos rodoviários de carga e descarga, pressupõe uma função portuária que compete a vários agentes, entre os quais se encontram os concessionários, mas cuja logística interessa também à administração portuária.
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